quinta-feira, 19 de maio de 2011


                                                     A CARTOMANTE
           
            Numa cidadezinha chamada Rodeio Bonito, interior do Rio Grande do Sul, morava a família do senhor Eugênio e dona Margarida, tinham três filhos, um chamado Jermírio, outro Fredolino e a doce Margarete.
            Viviam muito felizes em sua humilde casinha. O casal trabalhava em uma fábrica de estopas de pano e iam e voltavam todos os dias juntos. Ao fim da tarde faziam os serviços da casa juntos e após acabarem sentavam para tomar um chimarrão e curtir a bagunça da criançada, que era a maior alegria do casal.
            A família era muito unida, até que um dia apareceu na pequena cidade um cara metido que se dizia primo de Eugênio, que teve o maior prazer em dar uma cutucada a fim de estragar o casamento de seu primo, pois era loucamente apaixonado pela prima véia. Não sabia o que fazer para apimentar uma discussão, ele indicou que seu primo fosse consultar uma cartomante para saber coisas que ficam escondidas de seus cansados olhos.       
            Certa tarde Eugênio, confuso, com a cabeça baixa, recordava que no dia anterior, embora não acreditasse tinha ido até o casebre da cartomante Jurema que ficava na Vila Sapo número 0. Tinha uma dúvida que lhe pairava na cuca o tempo todo. Então resolveu ir lá.
             Chegando lá ela lhe falou:
            - Báh gaudério! Fazia horas que eu sabia que você viria!
            Ele respondeu:
            -Como assim? Nem eu sabia que viria!
Então ela falou:
-Minhas cartas me contem tudo que eu quero saber.
-Ah! Então as cartas falam madame?
Retrucou ele assustado.
-Sim. Eu sabia tu teria dúvidas do seu casamento!
Respondeu ela.
- Então vamos ao que interessa.
Continuou ela e pegou as cartas e começou a joga-las em cima de uma mesa pequena e velha, em um quarto moribundo com luzes apagadas. Começou seu ritual, espichou o pescoço, fechou os olhos e disse:
-Tua patroa tá te traindo , e mais, ela não gosta mais do senhor!
Assustado e de beiço caído ele a contrariou:
-Pare! Pode parar! Minha mulher não! Ela jurou: “ O que Deus uniu, o homem não separa.”
Eugênio ficava se perguntando a toda hora: Será Verdade? Porque tudo isso comigo? São trinta anos de casamento e tudo por água abaixo?
Seu olhar de tristeza tomava conta de quase toda a face, claro que cada vez se confirmava mais aquilo que a trambiquera  falava. E ela facera com mais um casamento espedaçado, quis arrebentar mais um pouco com o coração do pobre véio:
-Quer saber quem é o elemento?
O véio, entristecido respondeu:
-Sim, pode falar, termina de arrebentar meu pobre coração.
Numa felicidade enorme, a trambiqueira falou:
            -Quando você levanta de manhã, nunca viu o teu vizinho ao redor da cerca tentiando enxergar tua véia?
            -Não! Nunca reparei.
            -Pois deveria. Porque através de gestos eles se comunicam. Como que você não percebe? Parece cego!
            Então o véio desacorçoado da vida fala:
            -Pois é vizinha! Tenho andado meio desconfiado da minha véia. Sabe como é, dona, o povo fala tanta barbaridade, que as vezes eu fico meio revoltado com tudo e me dá vontade de larga tudo e segui minha vida sólito  no más.
                        Cutucou então Mais um pouco a bruaca:
            -Olha, não queria lhe dizer, mas as cartas não mentem. Preste atenção: Onde há fumaça há fogo!
            Aborrecido se despediu dizendo:
            -Está bem dona, mas vou indo, tenho muita lida pra fazer no meu rancho véio. Desculpa mas tenho  que me ir.
            Eugênio saiu daquele lugar pensando no que ouviu da falsa cartomante. Muitas e muitas coisas passavam em sua cansada cabeça: Será que minha véia ta me traindo mesmo? Será que vou ter que abri mais minhas vistas?
            Neste instante Eugênio volta a realidade e toma coragem e vai ter com a muié:
            -Margarida, tu já penso em me trair?
            Ela respondeu:
            -Que é isso meu véio? Não acredita mais em mim? Você sabe que eu sempre te amei e vou te amar até o fim dos meus dias.
            -Mulher não venha com conversa fiada!-Pare Eugênio deixa de ser ignorante por que depois de véia gogó eu ia te traí.
            Eugênio mesmo acreditando na inocência da muié nunca mais foi o mesmo, desconfiava de tudo, imaginava mil coisas.Daquele dia em diante a vida deles nunca mais foi a mesma, pois começaram a brigar frequentemente.O amor e carinho se resumia em lágrimas...
            Assim, viviam...Passaram-se dois anos e uma certa tarde Eugênio voltava do trabalho quando observou de longe sua muié falando com o vizinho bem de perto, seus olhos cegaram enxergava os dois se beijando, não pensou duas vezes,ele que sempre estava armado pegou seu revólver e jaz disparou quatro tiros no vizinho que ficou estirado no chão.Eugênio não se move fica paralizado,enquanto Margarida fica apavorada com a cena e começa a gritar!Que é isso meu Deus!
           Ele diz: “O que Deus uniu o homem não separa.”

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